- Jorge? Eu ia te ligar agora. Estou desesperada... A Alice! Por que ela? Quem poderia ter feito tal coisa? – A voz de uma mulher chorosa e aguda invadiu o seu ouvido.
- Lúcia, ela era sua melhor amiga. Sei que deve estar sofrendo tanto quanto eu, mas no momento precisamos pensar... Você sabe de alguém que pode ter feito isso?
- Não faço a mínima idéia! Alice era tão amada! Nunca a vi brigar com ninguém em todos esses anos.
O homem engoliu em seco, tinha que fazer essa pergunta, mesmo que se sentisse traindo a memória da esposa.
- Ela... Ela tinha algum caso? – perguntou Jorge sem acreditar que estava duvidando da mulher de sua vida. Em nenhum momento de seu relacionamento ele tinha desconfiado disso, agora não seria diferente.
- Claro que não, homem! Alice seria incapaz de te trair... Te amava tanto!
Ele fechou os olhos e respirou fundo. Lágrimas brotaram por trás de suas pálpebras e um sentimento de dor intenso, que jamais havia sentido, apertou-lhe o peito. Ele também a amava... E muito! Desde o primeiro momento que a viu. Linda! Os cabelos muito pretos batendo no rosto branco e sardento, os olhos escuros em que sempre gostava de cair e demorar para retornar, brilhando, junto com um sorriso de dentes muito brancos, enorme e espontâneo. Ali ele soube que ela havia nascido para ser sua e após trocar poucas palavras com a moça, já queria casar com ela... Sua Alice. Ele nunca iria esquecê-la!
- Isso reduz a nossa lista. Só se...
- Se o que, Jorge? – Um longo silêncio invadiu a linha. - Você está pensando... Nele?
- É uma possibilidade. Não sei para onde correr.
- Estou indo até aí, onde você está?
- No hotel da praça, o branco. Quarto 305.
- Ok, estou saindo de casa.
Foram dez minutos em que Jorge pensou, relembrou, refez toda a vida da mulher. Os amigos de infância, os amigos recentes, os colegas de trabalho,... Nada, além dele, lhe vinha à mente!
Ouviu a batida na porta e a escancarou, já depositando toda a sua angústia na figura pálida e abatida parada a sua frente.
- Não consigo achar outra alternativa, Luci. Só pode ter sido ele.
- Eu também pensei bastante, mas não acho que ele teria coragem...
- Como não? A odiava profundamente!
- E odiou mais ainda quando ela casou com você! Acho que teria mais sentido se ele TE matasse... Por que ela?
- Não sei... Não sei de nada... – Jorge estava desesperado! Toda a situação finalmente estava fazendo efeito. A ficha estava caindo. O homem chorou, chorou como nunca havia feito em toda sua vida. E Lúcia, ao seu lado, pouca coisa conseguia fazer. Chorava junto, enquanto tentava acalmar o amigo.
- A gente vai descobrir, Jorge. A gente vai conseguir se vingar da criatura que fez isso com nossa Alice.
- Se eu pego, mato fazendo-o sofrer, assim como fez com ela. Esse desgraçado do Fausto!
- Mas você não tem certeza que foi o Fausto!
- É a única pessoa que poderia ter feito isso! A única!
- Mas... Você acha mesmo que... Acha mesmo que... O pai dela faria isso?
sábado, 24 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 Dizem por aí...:
Amei o fato do Fausto ser o Pai! De verdade...
Tipo, eu fui lendo a hstória e achei que o Fausto seria o tipo do cara que quando se apaixona por uma mulher acha que ela não deve ficar com ele e mais ninguém e que faria de tudo para ficar com ela inclusive matar (leia-se psicopata)...Muito bom Fê.
Fernanda escondendo seu talento, reclamando que não era boa em narrativa... Beautifull liar! Hahaha
Hahahahahaha! Obrigadaaaa! Que bom que gostaram! :D
Postar um comentário