sábado, 17 de outubro de 2009

"Meias-verdades" - Capítulo 2: Investigação, suspeitas e listas


Dezenas de pessoas do lado de fora da casa, parecia que a vizinhança inteira estava ali. Ambulância, jornalistas, carro da polícia, peritos, faixas amarelas cercando a casa. Jorge era atendido por um dos enfermeiros que o examinava, fazia-lhe perguntas, mas Jorge nada respondia. Para ele, nada do que acontecia ali fora era palpável...ele estava perdido num lugar escuro, vazio...e sem Alice.

Um dos enfermeiros saiu para falar com o delegado que havia acabado de chegar, informou que "o marido estava em choque". Um dos peritos da casa que chegou quase no mesmo instante para informar o delegado da situação, disse "que havia fortes indicios de homicidio".

- Assim que ele estiver melhor, quero falar com ele. - disse o delegado ao enfermeiro.
- Mas senhor, ele...
- Quero falar com ele. - respondeu secamente o delegado, caminhou em direção a casa.

Algumas horas se passaram até que Jorge se deu conta de que aquilo tudo era real. Pensou em se matar...Algum tempo depois um policial se aproximou da ambulância, pediu a Jorge seu nome completo e pediu que o acompanhasse até a delegacia para prestar depoimento. Aquela situação ainda não era real para Jorge, ele queria acreditar que era um pesadelo. Na delegacia, respondeu ao interrogatório do delegado. Onde esteve no dia anterior e naquele mesmo dia. Jorge contou. Exceto a sua ida a praça e o encontro com Marina. Que relevância teria aquilo afinal? Sua esposa não tinha inimigos, não haviam brigado, e, é claro, não tinha motivos para assassinar a esposa. Ficara completamente irritado quando o delegado insinuou que Alice pudesse ter um caso, mas se conteve. "Ele nem a conhece, não sabe nada dela, como pode falar essas coisas?", Jorge pensou irritado. O delegado o avisou que não poderia sair da cidade até que as investigações fossem concluídas e então o liberou. Jorge saiu da sala.


- Providencie alguém para confirmar o álibi dele, que a propósito não me parece muito convicente, disse o delegado a um dos seus homens.


Ao sair do interrogatório, Jorge passara por uma outra sala, ouviu alguém dizer "Foi homicidio". Parou próximo a porta, olhou em volta, não viu ninguém, ficou para escutar.

- Mulher caucasiana, 30 anos. Sinais de estrangulamento, nenhum sinal de resistência ou defesa. Várias pontos de esfaqueamento. A faca que encontramos foi mandada para análise, o resultado deve sair apenas em 48 horas. - disse um homem.
- Nenhum sinal de resistência? Isso pode indicar que ela conhecia o suspeito. - respondeu alguém, dessa vez uma mulher.
- Pode ser. - disse o homem.
- A porta não foi arrombada e os vizinhos não disseram ter visto nada de estranho no local. Muito estranho.

Jorge ouviu passos no corredor, e saiu em direção ao banheiro que ficava ali perto. Ele não conseguia se conter. Trancou-se no banhero, tentou respirar fundo, o ar lhe faltava, a raiva corria em suas veias. Perguntas bombardeavam sua cabeça. "Quem?", "Por quê?". Ele não conseguia compreender. Quando consegiu se recompor, saiu do banheiro. Os policiais lhe encaravam, ele ignorava. Só tentava pensar no que fazer. Decidiu ir para um hotel.

No hotel, após um longo banho, sentou-se na cama. Começou a pensar. Fez duas lista com nomes, lugares, endereços, telefones. Uma era sua lista de suspeitos e suas possíveis motivações. Havia apenas um nome na lista cuja coluna intitulada "Motivo" continha interrogações. Mas Jorge não queria pensar nisso e nem nela agora. A outra lista era de onde ele obteria ajuda...ou melhor dizendo: cobraria. O único pensamento na cabeça de Jorge era: vingança. Planejou cada um dos seus passos, acessou a internet, olhou sua conta bancária, sabia que não haveria movimento que fizesse que a polícia não fosse perceber. Mas já sabia como resolver o problema, isso não era o mais importante agora.

Pegou o controle remote e ligou a tv. O noticiário falava do "brusco assassinato de uma mulher de 30 anos em sua própria casa num bairro calmo e tranquilo". Jorge pegou o celular e ligou. Tocou três vezes até que alguém atendeu.

- Alô. - disse alguém do outro lado da linha.
- Voce está vendo o noticiário:? - perguntou Jorge.


2 Dizem por aí...:

Pedro Henrique Castro disse...

Muito bom, Ísis! Seguiu a rota que tinha em mente...rsrs

Ísis Alves on 18 de outubro de 2009 às 15:49 disse...

=) Que bom que gostou (afinal você começou a história e já a tem montada em sua cabeça)

Aguardando o capítulo 3...

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